Níveis do TEA Compreendendo a Diversidade no Espectro, possíveis causas, sintomas e 10 sinais de Autismo
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) popularmente conhecido como autismo é um tema que suscita interesse e discussão em todo o mundo. Compreender os diferentes níveis do autismo é fundamental para que possamos abraçar a diversidade presente no espectro. Para este artigo, convidamos Leila Mansoque é Fonoaudióloga, psicomotricista, terapeuta de casal e família e especialista em TEA e TDA/H. Juntos exploraremos o que é o TEA, os diversos níveis do autismo e a importância do diagnóstico precoce. Além disso, investigaremos se o autismo é hereditário e, por fim, apresentaremos 25 sinais de autismo em crianças a partir dos 2 anos, auxiliando pais e cuidadores a reconhecerem potenciais indicadores do transtorno.
I. O que é TEA autismo?
O Transtorno do Espectro Autista é uma condição caracterizada por desafios na comunicação, interação social e comportamentos repetitivos. Essa condição afeta cada indivíduo de forma única, resultando em diferentes níveis de autismo. Compreender o TEA é essencial para criar uma sociedade mais inclusiva e acolhedora.
II. Compreendendo a Variedade do Espectro Autista
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição que abrange uma vasta diversidade de manifestações e características individuais. Essa complexidade faz com que o autismo seja classificado em diferentes níveis, conhecidos como “Tríade do Autismo”. Compreender esses níveis é essencial para oferecer um suporte adequado e personalizado a cada pessoa com TEA.
1. Autismo Leve / grau 1:
O autismo leve, também conhecido como Síndrome de Asperger, é caracterizado por dificuldades sociais e de comunicação, mas sem atraso significativo no desenvolvimento cognitivo e da fala. Indivíduos com autismo leve podem apresentar interesses intensos em áreas específicas e ter uma capacidade elevada em tópicos de seu interesse. Eles podem ter dificuldade em compreender nuances sociais e em interpretar as emoções de outras pessoas. Podem apresentar dificuldades de organização e planejamento que podem vir a prejudicar sua independência.
2. Autismo Moderado / grau 2:
No autismo moderado, os desafios sociais e de comunicação são mais proeminentes, e pode haver atrasos no desenvolvimento da fala e da linguagem. Esses indivíduos podem apresentar comportamentos repetitivos mais evidentes e dificuldades em se adaptar a mudanças. Embora possam demonstrar afeto e interesse nas interações sociais, podem enfrentar dificuldades em manter amizades ou compreender regras sociais implícitas. Necessitam de suporte para o aprendizado e na interação social.
3. Autismo Severo:
O autismo severo é o nível mais impactante do espectro e geralmente se manifesta com atrasos significativos no desenvolvimento global, incluindo a comunicação verbal e não verbal. Indivíduos com autismo severo podem apresentar comportamentos estereotipados mais intensos, dificuldades motoras e necessidade de apoio em todas as áreas da vida diária. É importante ressaltar que cada pessoa com autismo severo é única, e suas habilidades e necessidades devem ser individualmente consideradas. Nesse caso é necessário iniciar o quanto antes a comunicação alternativa para que o indivíduo consiga se comunicar ainda que de forma básica para as suas necessidades diárias.
4. Outras Classificações:
Além da “Tríade do Autismo”, existem outras classificações e subtipos no espectro autista. Algumas pessoas podem ser classificadas como tendo autismo atípico, onde suas características não se encaixam claramente nos níveis descritos anteriormente. Além disso, o autismo é frequentemente acompanhado por outras condições que são conhecidas como comorbidades como Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDA/H) e Transtorno de Ansiedade, o que torna cada quadro ainda mais único.
III. Compreendendo a Individualidade:
É fundamental lembrar que cada pessoa com autismo é única, independentemente do nível em que se encontra no espectro. Essas classificações não devem ser vistas como rótulos definitivos, mas sim como uma forma de direcionar os recursos e estratégias de apoio. Cada indivíduo merece ser respeitado e valorizado por suas habilidades e potencialidades.
IV. A Importância da Abordagem Personalizada:
Ao compreender os diferentes níveis de autismo, pais, cuidadores, educadores e profissionais de saúde podem adotar uma abordagem personalizada para oferecer o melhor suporte possível a cada pessoa com TEA. Intervenções precoces e estratégias adaptadas podem auxiliar na superação de desafios e no desenvolvimento de habilidades sociais e de comunicação.
Os níveis do autismo refletem a rica diversidade que compõe o espectro autista. Cada indivíduo traz consigo habilidades, talentos e características únicas, que merecem ser compreendidos e valorizados. Ao abraçarmos essa diversidade e promovermos o respeito e a inclusão, estamos construindo uma sociedade mais justa e empática. Através de abordagens personalizadas e do apoio adequado, podemos proporcionar a cada pessoa com autismo a oportunidade de florescer e ser plenamente integrada à comunidade em que vive. Juntos, podemos criar um mundo onde todos tenham voz e lugar.
Fizemos algumas perguntas para a especialista Leila Manso:
1. Quais são as causas do autismo? Autismo é hereditário?
As causas exatas do autismo ainda não são totalmente compreendidas, mas acredita-se que haja uma combinação de fatores genéticos e ambientais envolvidos no seu desenvolvimento. Embora haja casos em que o autismo parece ser hereditário, muitos casos surgem sem histórico familiar conhecido. Pesquisas contínuas buscam esclarecer as origens do TEA e possibilitar intervenções mais eficazes.
2. Qual a importância do diagnóstico precoce?
O diagnóstico precoce do autismo é crucial para iniciar intervenções interdisciplinares e apoio adequados aos familiares o mais cedo possível. O quanto antes uma criança é diagnosticada, maiores são as chances de desenvolver habilidades sociais e comunicativas. O acompanhamento profissional é essencial para garantir um desenvolvimento saudável e promover a inclusão social.
3. Com que idade o autismo pode ser diagnosticado?
Antigamente era aos três anos de idade. Hoje vemos que é possível um diagnóstico bem mais cedo. Mesmo que este diagnóstico não esteja fechado, o tratamento deve iniciar o quanto antes para que possamos ajudar a criança em seu desenvolvimento.
4. Quais são os sinais ou pontos de atenção para o diagnóstico de autismo a partir dos 2 anos?
Reconhecer os sinais precoces de autismo pode fazer toda a diferença na vida de uma criança. A partir dos 2 anos, alguns sinais podem se tornar mais evidentes, como dificuldades na interação social, ausência de linguagem verbal, comportamentos repetitivos e dificuldade de se adaptar a mudanças. Observar e entender esses sinais pode levar a intervenções precoces e direcionadas.
Alguns sinais que podem ser percebidos em Crianças a Partir dos 2 Anos:
1. Dificuldades na Comunicação:
– Ausência de fala ou fala limitada para a idade.
– Dificuldade em iniciar ou manter conversas.
– Uso repetitivo de frases ou falas aprendidas.
2. Dificuldades Sociais:
– Falta de interesse em interações sociais com outras crianças.
– Dificuldade em fazer amigos e em compartilhar brinquedos e objetos.
– Pouco ou nenhum contato visual durante as interações.
3. Comportamentos Repetitivos:
– Movimentos estereotipados, como balançar o corpo ou bater as mãos.
– Interesses restritos e intensos em um tópico específico.
– Adesão rígida a rotinas e dificuldade em se adaptar a mudanças.
4. Resposta Limitada a Estímulos Sensoriais:
– Sensibilidade a luzes, sons ou texturas.
– Pouca ou nenhuma resposta a estímulos táteis ou físicos.
5. Atraso no Desenvolvimento Motor:
– Andar nas pontas dos pés.
– Dificuldade em realizar atividades motoras finas, como segurar lápis ou usar talheres.
– Atraso no desenvolvimento de habilidades motoras grossas, como pular ou correr.
6. Falta de Imitação:
– Pouca ou nenhuma imitação de gestos e expressões faciais.
– Dificuldade em aprender através da observação de outras crianças.
7. Falta de Brincadeiras Simbólicas:
– Ausência de brincadeiras imaginativas, como fingir que está cozinhando ou brincando de boneca.
– Preferência por brincadeiras repetitivas e estereotipadas.
8. Dificuldades Alimentares:
– Seletividade alimentar ou aversão a certos alimentos com texturas específicas.
– Dificuldade em aceitar mudanças na alimentação.
9. Comportamentos de Autoestimulação ou estereotipias que podem também ser para auto regulação
– Falta de controle inibitório
– Bater a cabeça, balançar o corpo ou girar objetos de forma repetitiva.
– Ações que proporcionam estimulação sensorial.
10. Hiperfoco em Detalhes:
– Concentração excessiva em detalhes de objetos ou padrões, fragmentos sem significado ignorando o contexto geral.
É importante destacar que cada criança é única, e nem todas apresentarão todos os sinais mencionados. Além disso, alguns desses comportamentos podem ser observados em crianças que não têm autismo. Caso haja preocupações ou suspeitas, é essencial buscar a avaliação de profissionais especializados em desenvolvimento infantil, como pediatras, psicólogos, fonoaudiólogo, psicomotricista e neuropediatras. O diagnóstico precoce e o início de intervenções adequadas podem fazer toda a diferença no desenvolvimento e bem-estar da criança com autismo, permitindo que ela alcance todo o seu potencial e participe plenamente na sociedade.
Compreender os níveis do autismo e a diversidade presente no espectro é fundamental para quebrar estigmas e criar uma sociedade mais inclusiva. Cada pessoa com autismo é única e merece ser valorizada por suas habilidades e contribuições. Ao reconhecer e apoiar as necessidades individuais, podemos construir um mundo onde todos se sintam respeitados e aceitos. É nosso papel trabalhar em conjunto para tornar isso uma realidade, onde todos tenham a oportunidade de florescer e alcançar seu máximo potencial, independentemente do seu lugar no espectro do autismo. Vamos abraçar essa causa, ter empatia e promover um futuro mais inclusivo para todos.